Os autores desse livro são admiráveis pensadores que são Gilberto Dimenstein e Rubem Alves, que se dedicam em escrever temas relacionados com a educação, sem deixar de expor que o dois são escritores, o Gilberto ainda escreve crônicas para o jornal Folha de São Paulo.
O livro faz com que paremos e repensemos em nossa prática pedagógica. retrata com clareza, sem entrelinhas o quanto à escola e professor tem que mudar. Ele não dividido por capítulo e sim por títulos, nos quais vão expondo suas experiências, seus estudos e suas avaliações me torno, da educação, do educador, dos alunos, da família de ambos e da visão sobre o assunto, sob o prisma da sociedade.
Esses são alguns dos títulos abordados: Travessia, A caixa e o brinquedo; “Vovô viu a uva”; A necessidade faz o sapo pular”; O que deu errado? Experiência de confluência; É melhor fazer sorteio; Presente do futuro; Decifra-me ou te devoro; O prazer da incógnita; Livros por quilo; As peças do quebra-cabeça; O aprendiz há mais tempo; Deimon; La vem os palhaços; O medo da incógnita; Experiências;; Eu sei, estou aprendendo; Aprender errando.
Para iniciar Rubem Alves que antes de conhecer pessoalmente, o Gilberto Dimenstein eram amigos; ambos têm uma curiosidade insaciável pelas coisas da vida pelos objetos do mundo que nos cerca, ou seja como acontece as coisas para o ser humano, e é nessa busca, que resolveram juntos enfrentar, ou dialogar sobre a educação e o conhecimento.
É essa curiosidade que nos faz pensar. O pensamento é uma criança que explora essa caixa de brinquedos chamada mundo. Pensar é brincar com os pensamentos.
Temos ao mesmo tempo, um “grito” com as rotinas que cristalizaram nas escolas tradicionais e que se transformaram em normas.
Roland Barthes escreveu um delicioso ensaio sobre a preguiça e declarou que ela pertence essencialmente às rotinas escolares porque nas escolas os alunos são obrigados a fazer o que não querem fazer e a pensar o que não querem pensar. A verdade é que se a criança pudesse ela não faria os deveres.
E assim o aluno mesmo sem querer, mas obrigado arrasta-se sobre o dever que lhe é imposto. O corpo e o pensamento resistem. Essa resistência é a preguiça.
A curiosidade por sua vez é a voz do corpo fascinado com o mundo. O fato é que existe um descompasso inevitável entre os programas escolares e curiosidade.
Baseados em nossa própria experiência, acreditamos que aprender é divertido. Quem está possuído pela curiosidade não descansa.
Pelo visto Gilberto e Rubem Alves, vivendo em épocas e situações diferentes, tiveram experiências escolares semelhantes. Para eles não interessava aquilo que os programas diziam que tinham que aprender, pois dessa forma não aprendiam.
E assim maus alunos na escola, tinham uma voracidade por coisas que não estavam nos programas; não que faltasse fome a eles. Fome tinham, o que não tinham era fome para comer aquela gororoba padronizada da escola. Daí passaram a fazer a própria comida. E o que não foi mau.
Então a idéia partiu do Gilberto que argumentou com Rubem, o porque não se reuniam para conversar informalmente sobre a experiência escolar de ambos.
Ficaram se perguntando se gravavam a conversa, sendo assim ela poderia se transformar num livro. E assim a idéia os fisgou na hora.
Foi o que fizeram. Reuniram-se para conversar e gravar, sem nenhuma preocupação, com conclusões e como disse Guimarães Rosa: “o que importa não é nem a partida, nem a chegada; é a travessia”.
Seriam hilários se não fossem tão traumáticos, alguns tópicos e colocações. Quando Rubem Alves compara o mundo e a escola a uma caixa de brinquedos dizendo que a caixa (o mundo) era o que lhe encantava como Kalvin (o menino no qual se inspirou) e o brinquedo desestimulava; vemos o retrato das crianças e dos adolescentes de hoje. Por sua vez Gilberto acrescenta que a ele nem mesmo a caixa estimulava.
Seria então “retardado” não, apenas um garoto que conseguia se adequar aos padrões escolares.
Outro fator que nos chama a atenção no livro são os “rótulos” e “discriminações” que as crianças sofrem e que muitas vezes fazemos vistas grossas ou não conseguimos detectar. Gilberto e Rubem Alves, falam de seus problemas na escola; um por ser judeu e o outro protestante.
É possível perceber claramente como a escola não está preparada para receber a clientela por ela assistida.
Porém nota-se também que não existem receitas mágicas ou mirabolantes, precisamos aos poucos ir adequando as idéias e situações, não deixando morrer nunca a curiosidade, pois ela nos faz estar sempre buscando e estimulando a mesma em nossos alunos. Ao contrário da preguiça que surge quando o assunto não interessa; quando o “brinquedo” não oferece atrativo.
Lembrando que somente se aprende errando e somente não erra aquele que não tenta, por isso essa nova visão de professor aprendiz.
“Estou convencido pela minha vida pessoal de que você não aprende com o acerto, você aprende é com erro” (Gilberto Dimenstein).
“Na ciência, a gente só pode ter certeza quando erra”. (Rubem Alves).
É nessa visão que se pode concluir então que para aprender é preciso errar sempre, mas sempre procurando aprender e não voltar no mesmo erro. E para ensinar temos que passar pelo mesmo processo. Mas o que vai fazer, do professor verdadeiro aprendiz é o fato dele não perder o entusiasmo e ser apaixonado pelo que faz.
A escola que temos não irá mudar em um passe de mágica, mas é preciso começar.
Os autores concluem, que por mais que se mude, a escola parece sempre no mesmo lugar, é preciso tomar atitudes mais concretas, logicamente não existe receitas, mas metodologias, didática, amor, interesse e responsabilidade pelo que se faz e foi nesse aspecto que ele foi bem claro e objetivo, numa linguagem simples se utilizando formas e conceitos utilizados na educação.
Essa obra é dirigida para todos os educadores, sejam eles do ensino fundamental, médio ou superior, ou os viram a ser, portanto estimular e lutar por uma aprendizagem eficiente e prazerosa é dever de todos os educadores.
Retirado do Blog Acervo dos Educadores: http://acervodoseducadores.blogspot.com.br/2009/02/resenha-do-livro-fomos-maus-alunos-do.html
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